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Demografia Médica do Brasil em 2025

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A Demografia Médica do Brasil em 2025: Avanços, Desafios e o Futuro da Profissão

O Brasil testemunha um crescimento notável em seu contingente médico, com projeções indicando que o país alcançará a marca de 653.945 médicos até o final de 2025. Esse aumento expressivo, que adicionou 116,5 mil novos profissionais em apenas cinco anos, eleva a proporção para 2,98 médicos por mil habitantes, um avanço significativo em relação aos 2,81 de 2024. No entanto, a recente Demografia Médica 2025, coordenada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, revela que, apesar dos números crescentes, persistem desafios importantes, especialmente no que tange à distribuição desigual dos profissionais e à adaptação do sistema de saúde a um perfil médico cada vez mais jovem.

Distribuição Desigual pelo Território Nacional

Apesar do incremento no número total de médicos, a concentração desses profissionais no Brasil permanece um ponto crítico. A Região Sudeste lidera disparadamente, abrigando 334.105 médicos, o que se traduz em uma razão de 3,77 por mil habitantes. Em contraste, a Região Norte apresenta os menores índices, com apenas 31.706 médicos e uma proporção de 1,70 por mil habitantes.

Entre os estados, o Distrito Federal se destaca com a maior razão de médicos por habitante (6,28 por mil), enquanto o Maranhão registra a menor (1,27 por mil). As capitais também exibem disparidades gritantes: Vitória (ES) lidera com impressionantes 18,52 médicos por mil habitantes, enquanto Macapá (AP) se encontra na outra ponta, com 2,22 por mil. Mesmo São Paulo, que concentra o maior número absoluto de médicos (80.834), ocupa apenas a 12ª posição na razão por mil habitantes, evidenciando que o grande volume não se traduz necessariamente em uma alta densidade proporcional. Essa assimetria na distribuição impacta diretamente o acesso da população aos serviços de saúde, especialmente em regiões mais carentes.

Um Corpo Clínico em Renovação: Médicos Cada Vez Mais Jovens

Uma das tendências mais marcantes apontadas pelo estudo é o rejuvenescimento da força de trabalho médica brasileira. A idade média dos profissionais tem diminuído consistentemente, reflexo da “explosão” de cursos de Medicina no país. Em 2009, a média era de 45,5 anos; em 2024, caiu para 44,8 anos; e a projeção para 2035 indica que será de 40,8 anos. Essa mudança geracional não apenas altera o perfil etário, mas também influencia escolhas de especialidades, modelos de vínculo, remuneração, jornadas de trabalho e o uso de tecnologias. A crescente presença de médicos mais jovens, muitos deles generalistas recém-formados, demanda investimentos contínuos em qualificação e educação para garantir a excelência da assistência.

A Proliferação de Escolas Médicas e o Perfil do Estudante

A última década assistiu a um salto sem precedentes no número de escolas médicas no Brasil, passando de 252 para 448, com uma oferta atual de 48.491 vagas. Desse total, 79,3% estão em instituições privadas. Essa expansão alterou drasticamente a dinâmica dos vestibulares de Medicina: em 2014, a concorrência era de 46,51 candidatos por vaga, caindo para 18,81 em 2023. Contudo, a disparidade persiste entre os setores, com cursos públicos mantendo uma alta concorrência (68,50 candidatos por vaga) e privados com índices significativamente menores (7,17). O perfil médio do estudante de Medicina em 2025 é predominantemente feminino (61,8%), jovem (60,9% com até 24 anos), autodeclarado branco (68,6%) e oriundo de escolas privadas (66%).

Cenário da Residência Médica e a Concentração de Especialistas

Em 2024, o Brasil contava com 47,7 mil médicos residentes, representando cerca de 8% do total de médicos. A maioria (58,2%) é composta por mulheres, e 62,8% se formaram em instituições privadas. A Região Sudeste concentra 54,3% dos residentes. Além disso, mais da metade dos residentes (54,8%) está em apenas seis das 55 especialidades: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia e Medicina de Família e Comunidade.

Essa concentração se reflete nas instituições formadoras, com apenas 91 das 957 instituições abrigando metade dos residentes do país, e cerca de 300 sendo responsáveis por 80% das vagas. Isso evidencia uma centralização da oferta de residência em um número restrito de centros formadores, o que pode impactar a distribuição de especialistas e a cobertura assistencial em diversas regiões e áreas de atuação.

Quanto à especialização, 59,1% dos profissionais possuem ao menos um título de especialista, enquanto 40,9% são generalistas. Homens ainda predominam em 35 das 55 especialidades, com forte presença em Urologia e Ortopedia e Traumatologia. Já as mulheres lideram em Dermatologia e Pediatria. As áreas de Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia e Ortopedia e Traumatologia concentram mais da metade dos títulos de especialista.

Projeções para o Futuro da Medicina Brasileira

A Demografia Médica 2025 projeta que, na próxima década, o Brasil ultrapassará a marca de 1,15 milhão de médicos, com a maioria feminina já a partir de 2025. A média de idade dos profissionais deve continuar em declínio, refletindo o influxo contínuo de novos talentos. Contudo, o desafio da distribuição desigual de médicos pelo vasto território brasileiro tende a persistir, exigindo políticas públicas mais eficazes para equilibrar a oferta de profissionais de saúde em todas as regiões.

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